Há anónimos que escrevem mensagens em grandes superfícies, por todos os lados do urbano: muros, fachadas de edifícios, pontes. São mensagens de desconhecidos para destinatários desconhecidos. Por vezes têm nome no final, um nome próprio, um nome banal, nada mais. Estas são frases de intervenção, de cidadania vertida ou invertida, são pinceladas de amor, ódios, raivas, queixumes. Algumas acompanham-se de pinturas, riscos e rabiscos, os grafites, onde a assinatura não é um nome mas um símbolo, para alguém entender, um código, da tribo. Algumas destas composições, a que uns chamam arte, e outros torcem o seu convencimento disso, enchem momentaneamente o olho, e a alma, de transeuntes sensíveis, parados num semáforo, mal estacionados em dupla fila, esperando os filhos saírem da escola, ou de entrarem na aula de ginástica, numa paragem de eléctrico, encostados a uma parede a verem as vistas, distraídos nos pensamentos, do quotidiano, com os seus botões. Muitas destas palavra