(*) Deixou de ter ideias, fosse do que fosse. Faltando essa companhia, emudeceu, depois de ter ponderado. Passou a ouvir com atenção os pássaros, ouviu-os tão profundamente, que os entendeu. Não seria por isso que iria revelar aos outros homens o que dizem os pássaros. Manteve-se silencioso. Virou-se para o miar dos gatos. Acontece que estes seres subtis falam muito pouco e são por natureza misteriosos, inexpugnáveis. Não disse nada a ninguém sobre esse tema delicado. Olhou para os cães com olhos de os querer ouvir. Quando ganhou o conhecimento do que diziam, não o espantou que o dissessem, mas também não o iria revelar. Eram cães, os homens que os entendessem. Neste estudo dos idiomas e das línguas, distraiu-se com o tempo. Esqueceu-se, o próprio um poliglota, de falar. Resolveu, a sua última resolução, que já eram resoluções suficientes para uma existência: iria escutar o que diziam os homens. Curioso, a tempo de os vir a entender.