Não te sobressaltes, eu estou aqui, aninha-te na minha mão. Os sons estridentes que se ouvem no exterior não nos estão a chamar para a festa. As luzes coloridas que se veem no céu da janela da nossa casa, não estão a anunciar calendários de romarias. São sons maus e luzes feias, sons que violam os nossos ouvidos, luzes que cegam os nossos sentidos. Não nos deixam dormir, prenunciam uma guerra a bater à nossa porta. Não atendas, pode ser que vão embora. Vamos fingir que não estamos em casa. Apaga a luz, e finge. Os tambores estão a assustar os animais. Oiço-os balir, coitados dos animais. Imagino – mas não distingo os rostos - homens que fazem tremer o chão com os tacões das suas botas pretas infetas. Levam aos ombros estandartes de mau gosto, e caminham em uníssono para nos amedrontar e espetar os pálios aguçados nos locais das novas conquistas. Imagino que à sua frente, outros homens a quem ninguém pediu opinião, disfarçando o choro para dentro, para não