O ditador sentou-se com estrondo no cadeirão ricamente ornamentado e desfaleceu. Afinal, ele também morria, acontecimento a que os seus fiéis seguidores não acreditavam pudesse acontecer, por ser ditador e poderoso e por o entenderem como o pai da nação. Se tivessem parado um pouco para respirar e pensar, encontrariam toda a lógica nesse facto, já que se todos os outros homens morrem, também ele passaria por esse dissabor maior. As cerimónias fúnebres foram muito bem organizadas e exemplares. Filas a perder de vista de pessoas a prestarem a última homenagem, e inúmeras coroas de flores, dir-se-ia uma competição pela mais bela, elaborada e rica coroa de flores. Todos os presentes se apresentaram de fato negro e fumo no braço direito. Enterrado o ditador, cumpridos foram os dias de luto oficiais ainda com algumas lágrimas e suspiros a salpicarem os ambientes. No dia seguinte ao último do luto, ninguém mais pronunciou uma palavra que fosse em memória do esvaecido. Fosse de l...