Há um momento que não se dá conta, em que o tempo não parando totalmente, atrasa como pode o seu andamento inexorável. É o da passagem do ano. É verdade, mesmo o tempo lança desejos a si mesmo e alimenta esperanças do tempo que está para vir. Desconhece-se se se cumprem os seus pedidos mas é certo que anda sempre com uma pressa doida de se escapar para o futuro. Há quem diga que o tempo tanto anda para a frente como para trás, o que a ser verdade geraria uma grande confusão nalgumas cabeças. Perderiam a noção, e não há coisa mais complicada que não saber a quantas se anda. Quem mais sabe disto e poderia dar uma opinião são os relojoeiros, que consta que dominam o tempo e há quem já disse que eles não são propriamente humanos, mas seres postos nesse lugar e ofício a mando do Arquitecto do Universo, o Senhor incontestado do Tempo. Venham de que proveniência vierem, são seres taciturnos e raramente se consegue ouvir uma palavra saída das suas bocas. Aí está mais uma razão para desconfiarmos da sua humanidade: não falam porque não falam as línguas dos homens. Seja como for andamos todos atrás do tempo e ele constantemente a fugir-nos das mãos. É bem capaz de ser das coisas mais misteriosas do universo. Ou uma invenção genial para nos trazer distraídos.
**"The persistence of memory" by Dali
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