Barricado na minha janela, fechada, observo o mundo. O mundo é a rua que se apresenta diante mim, que a consigo ver desde o seu início, à esquerda, até o seu fim, à direita, porque é nesse sentido - vá-se a saber - que fluem as pessoas e os carros que passam na rua que me consome o tempo dos dias. A minha rua é o mundo, é pequeno e previsível o meu mundo. Nela não acontece nada de especial, sempre as mesmas caras, praticamente; os carros identifico os que estacionam e não me interessam particularmente. Há crianças na minha rua que jogam futebol, são irritantemente barulhentas, porque estou para velho e tudo me irrita. Corro com elas quando posso e depois fico com remorsos porque já fui criança e gostava de jogar futebol na rua. Em frente da minha janela, mesmo do outro lado, há uma paragem de autocarro suburbano, que por ser suburbano passa muito espaçadamente, sem hora marcada, vazio de poucas pessoas, geralmente de cor, sentadas e inermes. Desistidas. Esta