dois corpos distintos e individuais unem-se num jogo de entrelaçados e intimidades. Pode ser a primeira vez que este encontro acontece com estes dois corpos. Numa organização, que se pode situar algures, mas sem certezas, nas cabeças em que estes dois corpos culminam, talvez seja aí, nada é certo, foram dadas essas ordens. Com uma frieza e racionalidade de máquinas. Como um centro de controlo de uma grande central energética, onde técnicos muito capacitados, olhando constante e pronunciadamente para os ecrãs e as luzes coloridas e piscantes dos painéis, zelam pelo desempenho da grande máquina. Tudo a ser assim: racional e expectável porque é um esquema de um protocolo, tudo a não parecer assim, a ser fruto provado e rebelde do acaso das sensações e das emoções, desses dois, que podem ser todos os dois outros, que neste e a qualquer momento se unam aqui e no tempo imponderável de sempre, em clímax efémero, em qualquer parte conhecida ou desconhecida do universo a que se chama, por conveniência e vizinhança, a nossa terra….
nesta fase o sangue, todo o sangue disponível deve dirigir-se com a maior das urgências, para o local da ocorrência. Igualmente, ordena-se aos músculos responsáveis pela motricidade dessas partes que, num estado de alerta e eminência, se retesem, atingindo a amplitude máxima dessa condição. Às sinapses nervosas e as redes neuronais, todas as estradas de comunicação que se dirijam na anatomia dos corpos no sentido desses órgãos de prazer, agora em urgência maior, estabelece-se prioridade máxima de envio e chegada da informação sináptica, no sentido de se poder, como pretendem os usufrutuários, o auge do prazer. Deve dar-se uma sobrecarga de todos os produtos hormonais que levem a esse desfecho: o êxtase. Ter em atenção aos agentes envolvidos, ordens claras, que os mecanismos do prazer não são os mesmos da dor, havendo agentes físicos vocacionados para cada uma das sensações finais. Atenção! Depois da penetração do órgão e desse instante de prazer proporcionado pela irrigação sanguínea máxima aportada por ordens cerebrais, deve acontecer, sem demoras, porque os fluidos envolvidos e o sangue são necessários noutras regiões desses dois corpos, uma inibição evidente do fluxo sináptico e nas autoestradas, estradas principais e vias regionais de acesso aos órgãos que estiveram antes em destaque. Normalizada a circulação, o sistema entra de novo em estado de equilíbrio, não havendo, no entanto, descanso ao controlo central cerebral de todas as funções e actividades, que se pretendem equilibradas e em bom estado de homeostasia. O sistema e a rede não são perfeitos, mas trabalhamos incansavelmente para manter os corpos harmoniosos, funcionais e interactivos.
Texto (Luis Robalo) do catálogo da exposição de PAULO ROBALO - Galeria Fármacia GIRO - curadoria Fernando Gaspar - Dez.2022
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