Os meus pais queriam que eu fosse jurista, mas escapei-me. Fugi para casa de uns primos afastados que tinham um negócio de venda de bifanas itinerante, numa rulote, na Alsácia. Tornei-me vendedor ambulante. Encontrei o meu caminho e sou feliz, mesmo pagando impostos elevados. Recebem-me quando venho no verão matar saudades (já me custa falar), mais da terra do que das pessoas, mas não são espontâneos, sei que no fundo nunca me perdoaram. Não foi por não ter sido doutor, foi por não ter sido jurisconsulto, a carreira mais habilitada ao sucesso de todas as que existem, segundo a sua opinião e de conhecidos seus que frequentam a pastelaria “Boca Doce”, na venda de fruta da Dona Joaquina e na farmácia “Central” que nunca conheci o dono, só o empregado que se chama Carlos e é da minha geração. São capaze s de ter razão, descobrem-se jurisperitos , e bem sucedidos, em todas as profissões: ministros quase todos, parece que foram feitos para ministros; políticos e deputados,