O faroleiro tinha como principio quando folgava, não se dar com ninguém, o que facilitava a solidão em que um faroleiro vive. Não quebrava essa ligação permanente, era a sua disciplina. Passando a maior parte do tempo calado, quando estava em sociedade, para não alterar o seu quotidiano, vertia as palavras para dentro e ouvia as dos outros. Não dizia nada. Encostava-se ao canto mais remoto do velho balcão de madeira de carvalho do pub da aldeia e deixava-se estar por aí, todo o dia, absorto, olhando não se sabendo se estava realmente a olhar para os clientes, quase todos, os habituais e meia dúzia não mais. Alguns foram companheiros de escola. Uma cerveja forte, áspera, acre, era a sua companhia. Assistiu nesse lugar privilegiado a grandes acontecimentos históricos: anúncio de casamentos, uma rodada pelo primeiro filho, divórcios, disputa de terras, mexericos corriqueiros e cenas de pugilato, uma arte que se dá com o álcool e a exaltação dos ânimos, infelizmente não místicos. De nom