Josefa Benedita era zarolha. Era mas não queria ser. Não lhe deram escolha, nasceu assim (disse-o a curiosa que lhe fez o parto: a menina estava com muita vontade de despachar o seu próprio nascimento,fez muita força para sair. Veio assim ao mundo), cresceu entortada de vistas e com a passagem do tempo acentuou-se-lhe o ângulo incomum do posicionamento dos olhos no globo ocular. Entrou em negação quando teve tino para entender que a sua situação era fatal, não teria uma vida normal. Não casaria, não teria filhos – a menos que desafiasse todas as convenções daqueles tempos retrógrados nas liberdades das pessoas e ainda menos das mulheres, que mães solteiras, só as megeras - , ficaria encalhada num qualquer porto de leitos ressequidos e improdutivos. Tornou-se vidente. Parece uma ironia, mas ela desenvolveu e tornou-se mestra na exploração da visão interior, os mundos dos espíritos. Sempre que um cliente ia a uma consulta e a via pela primeira vez assustava-se. A mulher estava em trans