Considerei ficar em silêncio. O que tenho para dizer? Tomei essa decisão no meu íntimo, uma audiência a dois. Eu e eu. Sem contaminações externas. O meu silêncio. Era o que desejava. Apesar de ser fundamental, e ter uma opinião formada sobre o assunto, que considerei desde logo fracturante, pensei ser inútil manifestá-la publicamente. Um desperdício de oportunidade. Não para mim. Podia até ser incómodo. Dizemos uma vez e logo nos atribuem uma cor. Uma bandeira. Um lado da barricada. Não é isso que quero: escolher o lado do passeio que mais me agrada. Posso gostar dos dois lados e ter uma vida inteira feliz com essa escolha ambígua, ou vista à luz de outro ângulo, uma decisão sensata. Ninguém me pode apontar um defeito se eu passear com prazer por cada um desses lados, alternadamente, de uma forma descontraída. Fico em silêncio também por respeito, aos mais velhos e aos mais novos, a todos. É bom gozarmos dos bens tangíveis e intangíveis, úteis e fúteis, que temos à mão e pe