O Arménio só tira pastéis em dias alternados. É uma crença sua. Na chaputa e na faneca não toca. A meio do trajecto na volta da taberna, senta-se no chão com as costas encostadas à parede das cavalariças do solar dos Duques, onde esporadicamente faz serviços indiferenciados, mas o que verdadeiramente lhe interessa, onde se sente inchado, grande, importante ao mundo, é trazer com a rédea na mão - ele de estatura baixa -, os baios lusitanos – imensos, altos -, até ao cais de embarque. Vão para o Brasil, para os fazendeiros das enormes fazendas a perder de vista, é o que dizem, grandes apreciadores dos nossos cavalos, os lusitanos. No dia sim dos dias alternados de tirar pastéis, encostado ao muro, degusta relaxadamente a iguaria. Toma-se de todo o tempo para as papilas gustativas se inebriarem e depois fica esparramado, sem dar conta de si, a semi-olhar para o céu, a gozar o efeito alucinogéno do bacalhau a circular nas veias, depois de devidamente processado. C