Quero morrer. Sobretudo, estou cansado, tanto. Estou cansado e é tão valioso esse sofrimento como estar eufórico. São coisas de cada um, íntimas, e sendo seguidor da tradição - que não se discute - relembro um ditado que diz” entre o homem e a mulher não se mete a colher”. Decisões destas, que só se toma uma vez na vida, ou nunca, são assuntos caseiros. Da cabeça de cada um, que dando a falsa impressão de os pensamentos serem um encadeamento monocórdio e de monólogos, isso não é verdade. São uma conversa interior, como um assunto de marido e de mulher. É por isso que eu quero morrer, por estar num túnel sem saída que se veja, não saindo do mesmo sítio. Não que o queira, todos queremos é viver, mas quando as condições se põem descaradamente insuportáveis, sejam pelo fastio absoluto do estado de continuar vivo, com o depósito da alegria vazio, então, quero mesmo morrer. Quero fazê-lo sem incómodos para ninguém. Para os diáconos que os dispensei há muito. Quero morre...