Neste tédio de uma Tormes adormecida, adio e não consegui ainda conhecer todas,
mas gostava, e prometo que não vou fazer uma lista das melhores e das menos
melhores, porque desconfio que vou gostar de todas.
Falo de uma, e logo outra me seduz,
indecentemente. Não tenho para onde virar a atenção, umas atrás de outras, a
reclamarem atenção. E têm razão. Fosse
eu um Adónis, que nunca nem em intenções, e ficaria apimentado pela picardia,
de umas a competir com outras, por um olhar meu e a conjugação de meia dúzia de
palavras escritas com honestidade.
Mas não, elas competem por atenção e têm a sua
razão certa, porque a bem ver, quase todas as aldeias do nosso Concelho são
´vaidosas, não fossem elas ainda e algumas, sofredoras crónicas de uma ciática
dolorosíssima de continuarem dobradas a subserviências de passados coitadinhos, que já passaram -tantos
tempos, mas nunca mais deixa de parecer
que ainda foi ontem – e as suas gentes não terem ainda dado por isso.
Veem um dignitário, seja do que for,
engalanado de importância (que não tem, nas julga que sim), e logo executam
vénias que lhes dão ainda mais cabo das hérnias.
Anuncia-se uma visita, e
inesperadamente põem um sorriso que não devia ser sorriso, devia ser uma
carrança carregada, e desmancham-se em salamaleques, quase a desculparem-se por
não se conseguirem dobrar ainda mais. Como se essa visita, interesseira claro,
fosse o passaporte para uma evolução civilizacional.
Nada. Qual evolução, qual
civilizacional. E o que tem mais piada para não se dizer absurda incompreensão,
é que nem os que ginasticam a vénia, nem os que que a absorvem em importância,
percebem o que está nesse preciso momento a acontecer.
Tudo bons amigos.
Visitarei um dia, espero e quero, quase
todas as aldeias do nosso Concelho e espero vir a ter uma palavra, mesmo que
seja só uma, de encantamento. Afinal, serei eu que me apaixonarei por elas,
todas, abusador, e não elas que serão abusadas pelo meu olhar.
Custa-me muito entender, e até que me
expliquem honestamente não vou compreender, que na antecâmara de uma destruição
civilizacional massiva, ainda tenhamos a crença de que fazendo uma vénia
acentuada, vamos ganhar as boas graças de um futuro decente.
Quando menos se esperar, nem vão ter
tempo sendo queimados pelas fogueiras dos infernos, de compreender que o mundo
se esvai porque eles visitaram sempre as aldeias com a soberba de pequenos
poderes, uma ignição como a gasolina.
Tudo isto, um “suponhamos meu” numa
noite fresca, ligeiramente fragilizado por um episódio gripal.
Amanhã, voltarei a amar o mundo sem condições.
Até mesmo os que visitam as aldeias com séquitos de naftalina.
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