Bem que tentei! Sempre a pôr assuntos em cima da mesa, digamos assim. De todo o tipo e feitio. Por vezes, quando o achava distraído, meio adormecido, atirava-lhe com um tema para cima, a apanhá-lo desprevenido, podia ser que reagisse.
Nada. Mudo e quedo. E eu que não compreendia o seu silêncio, a sua
ausência de reacção. Estaria a desconsiderar-me? Seria uma soberba intelectual
sua que eu não me tinha dado conta? Ou seria uma atitude estroina e diletante
da sua parte?
Talvez, gostaria de acreditar, mas tremem-me as pernas, já me emociono
muito, que não é por nenhuma das razões que enunciei. Não responde porque não
tem nada a dizer sobre esses assuntos. Considera-me bastante, estou em querer,
mas não entra em polémicas, é reservado. De um formalismo que que chega a parecer
um político a fazer-se credível.
O que ele verdadeiramente gosta, é de me lamber e derreter-me quando me
olha na sua forma que tem de olhar que me deixa o coração a mil e um
quilómetros à hora.
Realiza-se com essas pequenas coisas, e é pleno, o meu Darwin, cão que ganhou
o nome de um pragmático romântico que ele não conheceu, nem a história lhe
interessa particularmente: só ossos e as lambidelas fartas que me dá.
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