Apanhava ar. No ângulo que fazia a esquina do murete que delimitava a casa, antiga, ainda com telhado de colmo, num barraco onde mal cabia ele, ali estava, velho, sentado num cadeirão de madeira, onde se percebia existir uma almofada, igualmente velha, que lhe ampara as costas. Diz-se apanhar o ar, porque é o que ele faz. Não está ali para ver ninguém – poucos, muito pouco se passa –, as vistas, nenhumas em especial. Está para arejar, isso mesmo, sair de casa, onde uma pessoa se pode encerrar, ir-se encafuando, distrair-se de si e do mundo, e nunca mais sair, encarquilhando lenta e inexoravelmente os movimentos, as vontades, o corpo, envelhecendo o espirito e despedindo-se da alma. Aquele cubículo, onde jamais caberia deitado, só mesmo sentado, tem uma porta, que está aberta, e ele, ocupando todo o espaço do espaço exíguo desse remendo de esquina de uma casa, é visto por este transeunte ocasional, visto pela metade (só se lhe vê a parte direita do corpo que areja, a out