Uma carta de separação é um dilaceramento, um crepúsculo, uma febre alta com o corpo a arder, um doer generalizado, dos músculos, das junções das peças todas do corpo, e as da alma. É uma folha rasgada ao meio – nunca mais se colará e ficará igual – rasgados também o coração, o peito e todos os órgãos internos que bibliotecam emoções. Pode ser também uma decisão, um bater tonitruante e assertivo de uma mão fechada, no tampo da mesa, uma consciência aguda, e desperta, olhos bem abertos, de que já não há mais nada a fazer. Por vezes é um alívio, uma libertação, mas rasga na mesma. Uma mensagem escrita de separação é sempre uma decisão definitiva, mesmo que depois venha a acontecer conciliação. No entanto, tudo muda irremediavelmente. Por isso é uma acção triste, outras irada. A mistura das duas é a mais comum. As palavras que se usam neste tipo de mensagens são de dor, mas também de "nunca mais", de "não te quero". Mas nem sempre de "não te a