O exemplo das diplomacias. Dir-se-ia mesmo, um documento nuclear, não por ser bombástico, pelo contrário, mas por ser a essência, a origem, o ponto de partida, do labor diplomático: o entendimento dos homens. É um caso que pede cuidados extremos, é coisa de gente madura: avançar na escrita concentradamente, em bicos dos pés, com mãozinhas de veludo, com pinças. O uso e escolha das palavras deve ser peneirado vezes sem conta, até que tenham desaparecido todos os resíduos. Não pode haver a mais pequena possibilidade de um mal-entendido. Uma frase diz o que diz e nada mais. Não é um mil-folhas em camadas. Não há segundas intenções. Leituras subliminares, que ficam na manga e que possam vir a inquinar o objectivo pretendido com esta carta - o da aproximação - são um perigo que pode deitar tudo a perder. Uma palavra deslocada, uma vírgula mal apensa, reticências nunca, nem pontos de exclamação, tudo isto por junto ou separado pode causar um grande transtorno