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DESCUIDADOS DE DEUS - PERGUNTA PRIMEIRA

Com a introdução do Juíz Presidente sobe o volume do ruído, murmúrios, demasiados murmúrios. Estão ali uma mão cheia de todos, em representação do colectivo dos homens, a única espécie que tem questões por resolver com Deus. Todas as religiões e crenças, todas as correntes da filosofia e das ciências, os agnósticos, os ateus, os indecisos - são tantos estes – os burocratas com ou sem religião, os tecnocratas, nunca faltam à chamada. O Juiz pede contenção, tenta como um chefe de orquestra controlar as exaltações. Não tem batuta, tem as mãos, e os seus pausados movimentos de braços no sentido descendente, indicam que os ânimos devem serenar.  Consegue. - Temos muito para Te perguntar, tanto que poderíamos ficar aqui para o resto dos nossos dias. Os nossos, não os Teus, porque és eterno. Não podemos perder esse tempo, porque temos famílias que nos querem ver e nós queremos vê-los e seguir as nossas vidas, e as coisas que temos para fazer e para completar, e temos pr

HISTÓRIAS FUGIDIAS

As histórias do Amor incondicional fugiram do blog.  Andaram estes meses a cavar um túnel subterrâneo (sabe-se lá onde foram arranjar as pás, as picaretas, as lanternas) e fugiram. Todas. Juntas. Deixaram uma nota na minha mesa de cabeceira. Afirmam a pés juntos que não são incondicionais. A chamar que lhe chamem nomes diferentes.  Decidiram constituir uma cooperativa, de histórias. Foram mudar de identidade, com novos nomes,  e vão constituir-se em livro, o objecto tridimensional que mais apreciam. Que posso eu fazer? Esperar que me convidem para a inauguração, pelo menos isso.

FOTOGRAFIA DA MINHA ALDEIA

                                Nuno Correia* No cimo de uma colina, uma qualquer, todas, olha-se descendo, o rio que se vê por uma nesga. A cidade tendo , não tem vistas amplas par a o rio, só rasteiramente, perto de si, estando ao nível, e nessa situação a vista nunca é ampla. A cidade também é dos miradouros, mas mesmo esses amplos são igualmente acanhados, ente colinas. É na estreiteza de uma rua entre prédios ainda pombalinos, que se acabam, que se afunila a vista, focando melhor e se consegue ver bem o rio, que é um mar, da palha, porque tem brilhos. Dourado nos dias quase todos de luz intensa, sendo um chumbo suave nos invernos todos eles praticamente humildes. Ganham largamente os primeiros aos segundos. O olhar desce portanto a rua ingreme dos eléctricos, apoiando-se aqui e ali, porque a calçada é irregular, e vem molhar as pupilas e a Íris à sua beira, descalça-se, fazendo-o para se refrescar. Uma vez nesse embalo, distrai-se com coisas,com um

DESCUIDADOS DE DEUS *

Não há reparos a fazer ao dia. A haver, era dizer bem. O Sol, brilhava rei e senhor, resplendia aproveitando a gentileza de o céu se ter disposto todo em azul clarificado, sem o incómodo de uma única nuvem intromissa, para incomodar o exagero de luz projectada sobre a terra. Era um dia repleto. Estavam reunidas as condições e a oportunidade   de uma orquestra sinfónica de harmonia e paz, banhar a terra. Podia ter sido um daqueles dias, em que sem nenhuns e propositados acordos de regime, a terra suaviza o seu buliço, o bom e o mau, e as pessoas feitas tréguas, aproveitam as esplendidas condições atmosféricas, e estendem-se muitas nos relvados, espreguiçadeiras de esplanada,   absorvem a   abundância gratuita do sol. Todos se despreocupam das questões, grandes e pequenas, ficam meio amorrinhados, gozando a qualidade calorosa dos raios de sol. Foi nesse dia, o julgamento. Tão adiado, esta ou aquela razão, recursos, não comparências. Esgotaram-se nas partes litig

OS DOIS

Todos os dias são os teus, e os meus, nossos, melhor. Sendo dos dois, multiplicam-se, abrem caminho, a hipóteses estatísticas de virem realmente a serem muito bons. A dois, as mulheres, os homens. Afinal, todos nossos são os dias. Senhores deles, que os inventámos e nomeámos. Vivam. Vivamos, na comunidade escaldantemente afectiva de os vivermos a dois.

RENASCIMENTO

      William Turner O fim do dia, Um qualquer, Não garante, Mas promete o esplendor descarado de um novo dia. E assim se faz a confiança, e o sorriso, que é esperança. Amigos pândegos, mas honestos, que andam por aí de braço dado, Motivados pelo quase absoluto convencimento, Que amanhã haverá um novo dia. Todos esperam isso, Até o dia, Deseja renascer e ser feliz.

GOUTHA, A DESALENTADA

Uma cidade é um ser vivente? É um espaço habitado por seres, num fluxo constante de vida e morte. Isso dá-lhe carácter. São eles que lhe dão vida, cunham a sua identidade, esses seres específicos desse lugar maior que outros lugares, que a escolheram para viverem, e morrerem, nessa localização exacta e não outra.Uma cidade é um útero, e nunca se viu nenhum ser no tempo da gestação assassinar a sua própria mãe, porque o útero é o local mais agradável que se conhece para germinar a vida. Uma cidade é o cemitério, onde se depositam para o descanso final os entes queridos, e nunca se viu ninguém que ama devassar a última morada dos seus. Uma cidade é o eixo do mundo, esse pequeno mundo que a povoa, que se levanta todos os dias para ir às suas coisas do dia, que se deita para descansar das suas coisas do dia, na noite, repousando, repousante, a recuperar energia e tranquilidade. Tudo de importante e supérfluo acontece na cidade. Há cidades famosas, que todos querem visitar, há cida