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DO AMOR INCONDICIONAL - 1-DO PODER

Nesta pluralidade que é a natureza, nesta obra dos acasos ou de causas superiores insondáveis, há seres cuja beleza cativa o mundo. A beleza é o argumento mais forte do poder. Dança à sua volta, danças do ventre, sensuais, húmidas, viciantes. Sabe rodeá-lo e tecer a sua teia invisível mas inquebrável, ata-o de mãos e pés, imobiliza, inteiramente hipnotizado. Perante a força irracional que irrompe de uma obra sinfónica, para pôr um exemplo de beleza superior, o homem baixa as defesas, entrega a sua sorte no embalo da música, extasiando-se é levado por essa torrente de emoções. Os efeitos dessa mistura explosiva, do casamento da beleza com o poder leva os seres a atitudes que não se alcança imaginar, coisas fora da lógica. Práticas do bem e o mal, sem noção, do bem e do mal, coisa subjectiva que leva por vezes a equilíbrios no fio da navalha. O aparecimento fugaz de um tigre listrado, meio visto, meio escondido no restolho dos arbustos, hipnotiza quem o vê e olha,

ADEUS ANO VELHO, VIVA O ANO NOVO!

Aproxima-se o final do ano, só faltam dois dias, e é um grande alívio, ou uma grande pena, ou ambos, ou nenhum dos dois. Uma indiferença. Uns dizem que foi saboroso, outros que foi escasso, outros que triste, muito triste, tão triste quando pessoas e seres que não deviam morreram. Outros deviam e aconteceu-lhes. Há muitas pessoas vivas e algumas são mesquinhas, demoníacas, doentias. Há também gente boa, e santos. Nasceram igualmente, a incomparável felicidade do primeiro beijo. A renovação aconteceu, mas somos de mais. Aqui cada vez mais poucos, e velhos. O mundo não melhorou nem piorou, continua indiferente, as pessoas é que o antropomorfizam, e depois vem dizer que ele está mais injusto, mais inseguro, mais tirano, mas chato. O mundo está muito mais chato. Os homens apesar de serem uns queixinhas e porem as culpas nos outros, têm o infeliz mau-hálito de darem cabo do que os rodeia e estão num processo desenfreado de auto-destruição massiva. Há quem não

DO AMOR INCONDICIONAL

Escreveu um livro, do amor incondicional. Como se vive esse amor, se é tão emaranhado descrevê-lo, escrevê-lo? Complicou mais, e quis encandear os exemplos desse amor. Avançar no índice seria subir um degrau, complicar a aposta, apresentar um amor incondicional ainda mais incondicional que o anterior,  é isso possível? Mais difícil ficou o seu trabalho de Hércules: atribuir níveis de incondicional – este tem dez miligramas, aquele quarenta. É mais forte, é para ler depois, encadeados, todos, como se fossem missangas enfiadas no mesmo fio. E são. o Amor incondicional é um algo que não se define bem a si mesmo. Uma emoção das mais fortes, um sentimento sublime, um estado de alma lapidado , sem arestas nem gumes, um estado de espírito para o descrente da alma, uma fisiologia, uma biologia, um produto acabado de conexões de sinapses que em si mesmas são a-sentimentais? Tudo isso, nada disso, isso em partes. É mais incondicional o amor do cão pelo dono, ou do pai pel

CEIA DE NATAL

O apartamento, extensíssimo, talvez sobrecarregado de mobiliário e outros objectos, era um velório, não de defunto, mas de muitas velas iluminadas. O motivo de toda a exuberante iluminária, era um bom motivo: uma comemoração, um júbilo, Deo gratias. Nascia o menino, nasceu, há muitos, muitos anos passados. A comemoração do acontecimento, um ritual, uma alegria, o momento mais alto do ano dos encontros familiares, os sinos das igrejas a chamarem à comunhão, o amor a derreter-se nas pessoas, a comemoração com os amigos, as saudações e votos aos conhecidos, inimigos temporariamente em tréguas, conseguidas com a ajuda das fumigações de compaixão, o respirar profundo. Um sentimento nobre. Mais, uma missão na vida, que toca aos seres superiores,  comiserarem pelos desvalidos. As velas de pura parafina, a exalarem um quase impercepptível olor a sebo, mas eram de parafina pura, era-lhes permitido exalarem o que lhe apetecesse, faróis acessos intermitentes no alto de castiçais de p