Hoje foi bom. O tempo simpatizou connosco, aqueceu-se, afastou cenários lutuosos. Foi mesmo o grande acontecimento do dia, a sua mudança de humores. Do que sobra para dizer é quase nada e displicente: não nasceram nem mais nem menos pessoas do que ontem; algumas vão ser absolutamente irrelevantes na sua passagem, outras não, algumas ainda vão ser híbridas. Do número de mortos contabilizam-se mais ou menos os mesmos da véspera, uns irão a enterrar outros ficam anónimos de como atravessaram a vida com pressa de saírem dela para o nenhures. Se alguma guerra terminou não se deu conta. Se começou uma nova, daremos conta no noticiário do jantar, mas já é difícil comover-nos. Crianças órfãs, violentadas, violadas, contam-se por muitas, mas não é preocupante porque ontem e o dia de amanhã dirão uma contagem idêntica. O número de vilões per capita mantém-se estacionário, apesar dos pessimistas acharem que a tendência é para aumentar. Os optimistas, fiéis à sua fé,