Antes de inaug urar a exposição, ainda à porta e sem ter cortado a fita – inexistente, porqu e já não há fitas para cortar, nem quem segure a tesoura das fitas - o Secretário de Estado, fez uma pose a fingir-se de simpático com o artista, mas é óbvio que foi uma pose de grande maçada: o convívio com artistas mina a consciência, deve ser feito à distância, com máscara, para não se adoecer com o vírus da sensibilidade. As poses é suposto mostrarem o lado mais fotogénico, que no caso deste Secretário é o lado direito – o esquerdo é habitado por uma verruga, que lhe desvanece a possibilidade de beleza numa irremediável desarmonia do rosto. Estavam presentes os fotógrafos e as televisões, não porque uma exposição de pintura seja uma coisa importante, mas porque nesse dia tinha-se falado numa remodelação no governo, e este Secretário era dos substituíveis - preferem-nos de linha branca, baratos só que depois implodem mais cedo. Troca-se por um novo na loja dos chineses, sai em co