Gostaria de conversar com os deuses. Trocar imprecisões, as minhas com as deles, num fim de tarde num miradouro simpático de Lisboa. Confidências mesmo, partilhar em cumplicidade pequenos segredos pessoais do dia a dia. Eu arriscaria algumas vezes – poucas – um conselho, eles na sua experiência de deuses, e com o domínio que têm do tempo – eterno no seu caso - deixariam cair uma ou outra pista, para eu emendar a mão aqui e alí de algumas decisões (minhas) nem sempre felizes. Sendo humano tenho sempre a desculpa de falhar, e também de aprender. É claro que no final (desse encontro numa esplanada) cada um pagaria a sua conta. Só assim vamos para casa descansados. Eu tenho fins de dia mal conseguidos, em que me encaixaria facilmente num ombro amigo. Infelizmente – ou não – nenhum deus habita na minha cabeça, nem no coração – a morada que dei para me enviarem as cartas de amor. Sobrevivo a essa ausência - muito decentemente diga-se - porque os meus níveis de felicid