Arrastam-se palavras nas vielas, dobram esquinas com cantos cortantes, palavras que buscam abrigo em tascos duvidosos . Tristeza em banho-maria, tristeza de pessoas simples, dramas em roupão de flanela. O riso e o choro não têm balança que os equilibre. Episódios de vida cantados, desembrulham-se do papel vegetal, em cima da mesa do jogo, causam efeitos e estragos , seguem caminho, esvanecem. O fado é um líquido espesso , saudade que corre nas veias e faz as vezes do sangue. Amor e traição em bocas marcadas com rugas, olhos cerrados, um conta gotas da bílis que inunde os espaços da alma . O xaile negro aconchega o regaço da fadista, protegendo-a de abandonos, aconchegando-a de si. Também esconde dos olhares o bater descompensado do seu coração. No silêncio com que se escuta, faz-se velório, morte feita vida. A guitarra geme em floreados insistentes, anunciando um drama insustentável. Nenhum outro ser senão nós, aguenta estes trina