O prazer dos dias caldosos, lugares doces, caiados, andaluzes,
Quando o calor pinga nos corpos, e nos convida a inacção.
O gosto da ausência do tempo das obrigações,
não ter nada de importante para fazer senão,
Estar.
Os olhos pousando em coisas fúteis:
Um pássaro escondido numa árvore,
uma pequena lagartixa aquecendo-se numa parede
recebe o sol bárbaro nas horas do meio-dia,
a formiga no carreiro.
A sensação, forte e sem peso, dos ruídos do silêncio.
Os grilos, solistas fundamentais;
o zumbir da abelha laboriosa e incansável;
o coaxar dos sapos no sapal;
o som distante, quase mínimo,
de pessoas que sussurram por trás do cenário.
O som que não se ouve do silêncio.
Os odores,
Da brisa do mar, das flores, dos figos, do limão.
Do pão acabado de fazer, ao pequeno-almoço.
Do grelhador.
A sensação refrescante na pele queimada,
a água fria de um chuveiro improvisado no jardim.
As conversas ao pôr do sol,
enlaçadas com um generoso vinho branco.
Ou sem conversas, na boa companhia de si mesmo.
O cair da noite com as suas cores,
estendidos na açoteia inventando nomes às estrelas.
Dias do tempo que descansa olhando o mar.
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