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DIZERES NUMA RUA DO PORTO - 2

Tradução livre:        " Este sabe-a toda, mas faz pela calada"

DIZERES NUMA RUA DO PORTO - 1

Tradução livre: "Olha esta desmazelada a passear o chinelo"

TOCA O SINO DA MINHA ALDEIA

Quase inaudíveis, sonho um sonho que me parece mudo, quase inaudíveis os sinos da minha aldeia a tocarem vagamente, abafados, diminuídos, pelas casas que são das alturas ou mais do que as alturas da torre da minha igreja. Barram os voos do som, amesquinham-no a não se deixar ouvir, um som que nunca teve pretensões, mas era necessário. Deixei há muito de ouvir o toque a rebate, a revelação de uma criança que vem ao mundo, a participação de uma partida para o além. Nem o convite à missa. As anónimas torres de betão com janelas corridas, sempre fechadas, abafaram essa chamada. A ouvir ainda, qualquer coisa meio imprecisa, é o bater de horas. Mas não me abeiro sequer a contar as certas, perco-me na distração intrusa de um ruído de um carro que se interpõe na tentativa da audição, ou numa algazarra qualquer, a passar-se numa rua sem nome, na minha aldeia. Honestamente, o que é um ludíbrio é que se ouvisse os sinos da minha aldeia a tocarem esses dizeres, o que estaria a

PORQUE É VERÃO

Uma nuvem. Nada mais senão estar. Imóvel, a olhar para a nuvem. Preencher dessa forma absolutamente letárgica, todos os requisitos do repouso. A provocação que foi até se chegar aqui. Querer e não poder. Ter episódios de febrícula, fugazes, mas muitas vezes repetidos nos imensos dias que completam todo o ano.  Porque faltava a nuvem, olhá-la (não é verdade, ela estava e sempre o esteve no céu, não se olhou, foi isso). A falta que fez, estar estendido, sem pose, com intenção nenhuma especial a não ser a de olhar para a nuvem, no verão. Aceita-se para o mesmo efeito e como sendo uma belíssima e recortada nuvem branca, uma copa de árvore, ondas encaracoladas, um espelho de água condigno. Aceita-se mesmo olhar parvamente para os detalhes do papel de parede dos forros interiores das pessoas. Sem mais intenção se não, a de não ser nenhuma. Por ser verão .  

REZAR O SILÊNCIO

      Na sua “cultura” ( e faz sempre vir a lágrima ao interstício do olho, dizer-se “a sua cultura”), as orações cristãs foram as primeiras que aprendeu. Ter-se-ia ficado por essas,   orações honestas, reconfortantes,   ambas, não se querendo por pudicícia gerar conflitos internos não lhe viessem a seguir, que nessa altura não contava com isso– o mundo evoluiu a uma velocidade estonteante -   outras curiosidades de experimentação, com a ingenuidade de acreditar que esse mesmo mundo em que confiava de olhos fechados, afinal, pode ser um caleidoscópio. Foi ontem – ainda hoje anda por aí, até exacerbado como uma possível febre dos fenos – que ter nacionalidade, “boa” (hemisfério ocidental, sempre a subir de nível), das antigas, das credíveis, a que se pode chamar Pátria, palavra ímpar   (e de novo a lágrima no canto último , descaindo do interstício), era uma bem-aventurança , um presente bem embrulhado, com tudo incluído.   Uma língua belíssima; um Deus único que fez a c

LIVROS QUE SE OUVEM

Não temos a possibilidade da visão do amanhã. Ainda bem, faríamos disparates. Gosto dos livros, leio todos os que posso e escolho-os pessoalmente. Desloco-me propositadamente a uma livraria real que expõe livros, e alinho num confronto directo, apreciando as capas, tocando, sentindo, lendo frases em páginas aleatórias. Nunca compro um livro que esteja no “top” de uma livraria. Assusta-me o que me impõem. Amo ler mas também gostaria de os poder ouvir. Decidi então que vou começar a ler alguns em voz alta, talvez goste de os ouvir ditos por mim. Depois poderei gravar (ainda não sei como, não percebo nada disso, mas aprenderei com tutoriais). Se correr bem acrescento os que mais gosto e outros que vou gostar muito mas ainda não sei mas espero, e não vou esquecer de incluir os que vocês me vao aconselhar. Poderei vir, se o futuro me levar para aí, a ouvi-los com prazer, que foram ditos por mim,  coisas extraordinárias escritas por seres excepcionais. Não sei o qu

NÃO SE AMPARA QUEM NÃO NOS DEIXA CAMINHAR

Não se ampara Juncker. Deixa-se Juncker e a sua tibiez seguir o curso natural do acontecimento: estatelar-se, ou não, do pedestal onde se deixa fotografar com os “amigos”, todos eles tíbios, cambaleantes, sem saberem onde cair, apesar de estarem insuflados. Uns de poder, outros de protagonismo efémero, tiraram uma fotografia ao lado dos que realmente têm poder e os omitem como baratas, e acham por isso que também são importantes.. Não se fotografa dando a mão a Juncker, porque não é uma companhia recomendável, precisamente o seu contrário. É o símbolo de uma Europa desgovernada por tipos brejeiros, de fato preto, bem-falantes, que o que querem mesmo, é beber champanhes caros e vinhos muito bons e igualmente caros, e não ter de os pagar, pagamos nós e não os provamos sequer. Depois vão para casa fazer pela vida, a sua e a dos seus queridos. É isso que eles querem, nada mais do que isso. Amparar um indivíduo destes, é identificar-se com este tipo de amparo, ou pedir u