Caro Miguel Esteves Cardoso (deveria antepor “Doutor”?), Permita-me esta convivialidade do “caro”. O Senhor (quiçá “Doutor”), é um símbolo da minha geração. Visionário, inovador, empreendedor de ideias nunca antes pensadas, andava eu e quase toda a minha geração a tentar ver-se livre dos cueiros com pó de talco – já o Senhor irrompia (estrela ofuscante), na arte das palavras em tudo quanto era sítio: nos jornais,nas radios,nas editoras discográficas, nas televisões, o que mais houvesse! Deus, a existir, distribui os talentos à sua maneira. Para uns, poucos ou nenhuns, para alguns, um que outro, para o Senhor ( é doutor!?) logo agraciado com uma série deles. Alimentei-me em si nesses anos loucos, cresci porque me deu de beber o precioso néctar da sua clarividência, e continuo nesta existência difícil, empedernido e fidelíssimo, na espectativa diária das suas crónicas e dos seus livros de grande e merecido sucesso. Não lhe terem dado ainda um prémio dos bons, é