«Foi um anticiclone que se acomodou entreparedes, no meu apartamento. Instalou-se sem pedir licença e nunca mais se alteraram as condições climatéricas. Quatro estações num dia, com fenómenos extremos inesperados. É o meu cão. Os filhos, a quem se deve perdoar tudo, para resolverem as suas questões internas, do foro íntimo ou talvez da moral, e apaziguarem alguma luminescência de remorsos nos corações, apareceram com ele em casa. Domingo, o dia instituído para cumprirem muito compreensivelmente a contragosto – não lhes calha em caminho compreende-se que transtorne o dia – a sua dose obrigada de fingimentos (sou injusto?) e preocupações muitas acerca da minha solidão e outras pieguices, que são suas e não minhas. O dia da visita, cada vez mais espaçada, cada vez mais apressada, e como os compreendo, a vida não tem contemplações com os que se sentam à beira do caminho. Há que estar sempre em movimento, o que já não é o meu caso, andei o que tinha para andar, agora ...