Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2014

Tem sido um Outono muito chuvoso

E húmido. As alterações climatéricas nas últimas décadas habituaram a um clima mais ameno, apesar de um que outro pico tempestuoso inesperado. Antes as estações estavam no sítio – tudo tinha um sítio - a época certa para cada uma, e na sua época todos sabiam com antecedência as manifestações de tempo que iriam acontecer, facilitando em muito as arrumações dos roupeiros. Era uma monotonia,  porque sempre previsível, mas era assim. Ultimamente com as mudanças bruscas, ficou-se sem saber o que vestir, no entanto as pessoas nem se queixaram, pelo contrário, têm andado muito mais felizes dada a já referida complacência dos calores, dos dias mais solarengos, puxando a sair de casa e flanar por aí. E a felicidade rondaria não fora o facto dos fenómenos inesperados, que alteraram na última década o nosso microclima. Este ano então -  as condições têm-se agravado e muito – está a ser um verdadeiro vendaval de temperaturas amenas, uma enxurrada de episódios sem anúnc

NOTAS DE INTERVENÇÃO

A falência do regime, que se arrasta vai para lustros que nem se contam todos, não se explica com justificações na dimensão do país, nos seus recursos, no minguar de gentes, na sua localização periférica. Facilmente se desmontam estes obstácul os que dão jeito. Sobre tamanhos e medidas, temos de tudo: grandes dimensões como a Rússia ou a Índia, que não descolam de uma  emergência falaciosa, ou uma Suíça e Holanda, que são exemplo de pequenez com grandes sucessos e riqueza - talvez também falaciosas. Dos recursos, o que são os recursos? Hoje estão em alta nos mercados, amanhã outros são o ouro que se procura. E os recursos são materiais, imateriais, coisas ou ideias, e todos eles, separadamente ou em conjunto, podem ser valiosos. O petróleo que tirou as tribos dos desertos arábicos e os pôs a construir prédios de olhar ao infinito e a conduzir rolls-Royce forrados a diamantes, quando acabar, dará lugar a outras energias e fará ricos quem as produz e vende.  O

TANGO DAS PALAVRAS

A arte da escrita estremece em terramotos quando abusada com imoderação. Acelere-se aos limites do pedal: nos acertos, nos falsos desacertos das palavras, em frases estranhas, oblíquas, fora do tom. Avive-se o colorido com vírgulas manhosas, descompostas, exclamações noutro contexto, pontos finais ao contornar esquinas, obstáculos inesperados que fazem tropeçar. A escrita ganha o céu quando o homem a põe a secar ao sol, à chuva, aos vendavais, escorrendo-se dos pesos inúteis, no apoteótico esplendor da sua nudez primordial. Assim como é! Toda a tentativa de limar arestas e tapar buracos com massas baratas, alisa e limpa a sua superfície, mas também a impermeabiliza das chuvadas torrenciais de belo que curtem a sua pele para os doces usufrutos da alma. Há textos, muito bem escritos que são qualquer coisa, mas não arte. São diplomacias das canetas: educados e sensaborões. Bons textos no entanto. A beleza da escrita habita rostos cheios de rugas, lav

O ARTISTA PERDEU A IDENTIDADE

Antes de inaug urar a exposição, ainda à porta e sem ter cortado a fita – inexistente, porqu e já não há fitas para cortar, nem quem segure a tesoura das fitas - o Secretário de Estado, fez uma pose a fingir-se de simpático com o artista, mas é óbvio que foi uma pose de grande maçada: o convívio com artistas mina a consciência, deve ser feito à distância, com máscara, para não se adoecer com o vírus da sensibilidade. As poses é suposto mostrarem o lado mais fotogénico, que no caso deste Secretário é o lado direito – o esquerdo é habitado por uma verruga, que lhe desvanece a possibilidade de beleza numa irremediável desarmonia do rosto. Estavam presentes os fotógrafos e as televisões, não porque uma exposição de pintura seja uma coisa importante, mas porque nesse dia tinha-se falado numa remodelação no governo, e este Secretário era dos substituíveis - preferem-nos de linha branca, baratos só que depois implodem mais cedo. Troca-se por um novo na loja dos chineses, sai em co

Educação e bom senso

A utilização de termos brejeiros e jocosos, em tons de ironia arrogante, são impróprios ao decoro dos representantes eleitos  à Assembleia da República ou a outros orgãos de soberania. Assim como é imprópria uma postura desleixada ou encenadamente blasé . Não se está a fazer a crítica do humor ou da boa disposição. O bom humor é difícl e inteligente – por isso escasso, geralmente muito escasso nessas pessoas. Cenas de uma caricatura muito fraquinha, a menos que consequência de causas artificiais desencandeadoras desses comportamentos - que se desconhecem -  são embaraçosas para todos. Não temos outra alternativa senão assistir impávidos e estupefactos à confrangedora imagem com que recorrentemente (parece que escolhem a vez), algum desses representantes da nação nos mima. Confrangedora, patética, triste, pequenina, muito rasteira. Não podemos fazer nada! Chegamos a um momento da nossa democracia, ou ao seu estertor, em que já não são só as luzes vermelhas e