Gosto de estar assim, deitado sobre a relva fresca e húmida, adivinhando os nomes dos azuis do céu. Às vezes invento-os. Se passa uma nuvem branca, distraio-me, o que descansa de estar sempre a querer inventar nomes. Mas mal ela passa e desaparece indo aos fazeres da sua vida, volto ao trabalho. É uma tarefa sem tréguas e ainda assim, nunca chegarei a adivinhar todos os azuis. O que, para o meu feitio seria importantíssimo, fundamental, dar nome a tudo o que vejo. Só posso descansar, se garanti que estou em condições de cumprimentar adequadamente tudo o que vejo, porque sabendo os nomes próprios, fico próximo e portanto à vontade. Quando estou deitado e a relva é fresca e húmida, também adormeço. Neste caso transfiro o trabalho de catalogação para a minha intimidade, sonho-o. É das mais recompensadoras actividades que conheço. Não a trocaria para ser analista de mercados, muito menos arregimentado numa colectividade bafienta. Prefiro os azuis.