Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

NOMES DAS COISAS E DOS AZUIS

Gosto de estar assim, deitado sobre a relva fresca e húmida, adivinhando os nomes dos azuis do céu. Às vezes invento-os. Se passa uma nuvem branca, distraio-me, o que descansa de estar sempre a querer inventar nomes. Mas mal ela passa e desaparece indo aos fazeres da sua vida, volto ao trabalho. É uma tarefa sem tréguas e ainda assim, nunca chegarei a adivinhar todos os azuis. O que, para o meu feitio seria importantíssimo, fundamental, dar nome a tudo o que vejo. Só  posso descansar, se garanti que estou em condições de cumprimentar adequadamente tudo o que vejo, porque sabendo os  nomes próprios, fico próximo e portanto à vontade. Quando estou deitado e a relva é fresca e húmida, também adormeço. Neste caso transfiro o trabalho de catalogação para a minha intimidade, sonho-o. É das mais recompensadoras actividades que conheço. Não a trocaria para ser analista de mercados, muito menos arregimentado numa colectividade bafienta. Prefiro os azuis.

O HOMEM QUE QUERIA VER O MAR - A CHEGADA

O dia que interessa, pode ser um Domingo. Um homem, humilde e pouco mais do que vestido com roupagem coçada, apeia-se na estação de comboios de Braço de Prata, na zona oriental da cidade. O povo está impedido de desembarcar na Estação Central, do Rossio, obra de arquitetura neogótica, uma maravilha aos olhos dos estrangeiros que por cá passam em negócio, visita ou espionagem. A burguesia de Coimbra, do Porto e locais mais esquecidos ainda, em visita, quando olham para ela, também gostam. Em rigor deve dizer-se que a fachada do edifico é em estilo neomanuelino e que sua estrutura metálica interior é que é neogótica. Construído em vários patamares, vindo o primeiro a abrir-se para a confluência do Largo do Rossio e os Restauradores, conta com uma ligação ao Hotel Palace , o hotel mais luxuoso da cidade. No interior da estação há habitações para os funcionários e uma ampla sala de espera, feita de propósito para suas Majestades reais repousarem antes de tomarem entedi

CASAS DOS LIVROS - JOÃO SOARES - PORTO

A REFORMA DO PROVEDOR

Para se dar valor à importância vital das histórias que os livros sérios contam, que vimos a amar incondicionalmente pela sua riqueza e igualmente na forma como estão escritos, somos levados a ouvir por uma voz escrita que não é a nossa – entrando numa certa intimidade que esperamos seja perdoada - a história de um casal improvável unido pelos livros, e que viveu numa tríade do Amor, uma relação a três, uma poligamia censurável pela sociedade, mas a forma mais apurada que eles lapidaram para viver a plenitude desse amor que elevaram à categoria de um culto. Trata-se de uma tríade composta por uma mulher, um homem e os livros. Deixar algo dito, que bem pode ser algo que nunca ninguém assim o tenha dito, tão bem e único, e por essa razão, vir oferecer algo de fundamental para toda a humanidade. Nunca se sabe. Para garantir um compartimento estanque onde não haja fuga de pensamentos, forrou as paredes de livros, leu todos os que possui e a sala é grande. Não é uma biblio