O meu vizinho navega em ideias e é um homem expedito. Tudo começou quando um dia ele veio bater, porta a porta, disponibilizando as suas economias, caso tivéssemos alguma aflição: “logo pagaríamos, vizinhos são para as ocasiões, afinal estamos todos no mesmo prédio, prontos a estender uma mão amiga”. Alguns, aflitos para poderem continuar a usufruir das casas dos segredos e das passarelas vermelhas, e dos quatrocentos e vinte e cinco canais - todos bons - alinharam logo. O vizinho de cima, que andava com problemas para pagar a mensalidade de um sistema de saúde simpático a que tinha aderido - por não ter médico de família - bateu-lhe à porta a pedir conselho, e ele, prontamente, e por ser homem de muitos contactos, encaminhou-o para uns amigos que lhe iam tratar convenientemente da saúde. O do rés do chão direito, há trinta e três anos que não ia de férias. Tinha um sonho por realizar. “Não há problema, tenho uma pequena sociedade barata, em parceria com rapazes das o