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DIZERES NUMA RUA DO PORTO - 4

T radução livre: " Oh meu mais do que tudo, faz o amor comigo"

DIZERES NUMA RUA DO PORTO - 3

Tradução livre: " Amor,  amanhã tens que sair às 8h00, que a minha querida mãezinha vem fazer-me o pequeno almoço e assusta-se com estranhas."

DIZERES NUMA RUA DO PORTO - 2

Tradução livre:        " Este sabe-a toda, mas faz pela calada"

DIZERES NUMA RUA DO PORTO - 1

Tradução livre: "Olha esta desmazelada a passear o chinelo"

TOCA O SINO DA MINHA ALDEIA

Quase inaudíveis, sonho um sonho que me parece mudo, quase inaudíveis os sinos da minha aldeia a tocarem vagamente, abafados, diminuídos, pelas casas que são das alturas ou mais do que as alturas da torre da minha igreja. Barram os voos do som, amesquinham-no a não se deixar ouvir, um som que nunca teve pretensões, mas era necessário. Deixei há muito de ouvir o toque a rebate, a revelação de uma criança que vem ao mundo, a participação de uma partida para o além. Nem o convite à missa. As anónimas torres de betão com janelas corridas, sempre fechadas, abafaram essa chamada. A ouvir ainda, qualquer coisa meio imprecisa, é o bater de horas. Mas não me abeiro sequer a contar as certas, perco-me na distração intrusa de um ruído de um carro que se interpõe na tentativa da audição, ou numa algazarra qualquer, a passar-se numa rua sem nome, na minha aldeia. Honestamente, o que é um ludíbrio é que se ouvisse os sinos da minha aldeia a tocarem esses dizeres, o que estaria a

PORQUE É VERÃO

Uma nuvem. Nada mais senão estar. Imóvel, a olhar para a nuvem. Preencher dessa forma absolutamente letárgica, todos os requisitos do repouso. A provocação que foi até se chegar aqui. Querer e não poder. Ter episódios de febrícula, fugazes, mas muitas vezes repetidos nos imensos dias que completam todo o ano.  Porque faltava a nuvem, olhá-la (não é verdade, ela estava e sempre o esteve no céu, não se olhou, foi isso). A falta que fez, estar estendido, sem pose, com intenção nenhuma especial a não ser a de olhar para a nuvem, no verão. Aceita-se para o mesmo efeito e como sendo uma belíssima e recortada nuvem branca, uma copa de árvore, ondas encaracoladas, um espelho de água condigno. Aceita-se mesmo olhar parvamente para os detalhes do papel de parede dos forros interiores das pessoas. Sem mais intenção se não, a de não ser nenhuma. Por ser verão .  

REZAR O SILÊNCIO

      Na sua “cultura” ( e faz sempre vir a lágrima ao interstício do olho, dizer-se “a sua cultura”), as orações cristãs foram as primeiras que aprendeu. Ter-se-ia ficado por essas,   orações honestas, reconfortantes,   ambas, não se querendo por pudicícia gerar conflitos internos não lhe viessem a seguir, que nessa altura não contava com isso– o mundo evoluiu a uma velocidade estonteante -   outras curiosidades de experimentação, com a ingenuidade de acreditar que esse mesmo mundo em que confiava de olhos fechados, afinal, pode ser um caleidoscópio. Foi ontem – ainda hoje anda por aí, até exacerbado como uma possível febre dos fenos – que ter nacionalidade, “boa” (hemisfério ocidental, sempre a subir de nível), das antigas, das credíveis, a que se pode chamar Pátria, palavra ímpar   (e de novo a lágrima no canto último , descaindo do interstício), era uma bem-aventurança , um presente bem embrulhado, com tudo incluído.   Uma língua belíssima; um Deus único que fez a c