No miradouro do castelo de são Jorge, não vislumbro todo o mundo, avisto o meu mundo todo. Há dias que me emociono de o ver, estendido, assim, perante mim. Outros em que o repudio, com essa ideia que agora tem de se deixar levar por uma certa lassidão. Arranja-se demasiado para os outros, desarranja-se-me. Gostava de o ver simples, sem a cara esborratada de batons exuberantes, como era. Não preciso de grandes mundos, para ser do mundo. Prefiro-o pequeno e maneiro. Na dimensão de o poder agarrar, ou assim julgo, quando encostado ao beiral do miradouro, estico os meus braços e toda a sua extensão até à ponta dos dedos. E, fechando os olhos depois de o ter absorvido, o mundo, imagino-me num prolongado abraço, a apanhar com a posse toda de ser meu, o perímetro inteiro da cidade, a que eu chamo mundo.