Se há um mês que gosto, é Abril. As últimas águas limpam os céus das invernias e dos dias tristonhos. As temperaturas amenas, descongelam-nos e abrem sorrisos . Abril anuncia a transformação: saímos da caverna para dar a cara à luz vibrante dos dias. Somos muito mais felizes neste mês, falamos mais despreocupadamente com os outros, partilhamos passeios e fins de dia, flauteamos por aí. No inicio do mês ainda estamos um pouco aturdidos com tanta luz, habituados que estávamos a longos meses de trevas escuríssimas. Mas em passando o calendário, vamo-nos aligeirando, pondo-nos mais à vontade. Já apetece por uma flor ao peito , porque as há viçosas e coloridas nessa época. E lá vamos, inchados de contentamento, calcorreando as ruas e as vielas, sem norte fixo, mas com um prazer ingénuo. Andamos a passear a flor do peito, que nem lordes, na ausência de peso, privilégio dos homens livres. Vamo-nos encontrando aqui e acolí, todos com elas na lapela,