É um quadro bucólico, não fosse esta palavra fora da moda, uma palavra do romantismo, no tempo em que uma paisagem campestre era bucólica e sentimental. Agora, não há paisagens bucólicas no campo, que deixou de ser espaço de fruição e é cada vez menos espaço de trabalho. Agora, vai-se ao campo para fazer caminhadas esgotantes preocupados em contar os passos e medir constantemente a frequência cardíaca e percentagens de oxigénio. Terminadas e ofegantes, orgulhosos dos níveis e desníveis acumulados nas leituras GPS e guardados nos mapas que logo à noite se vão publicar nas redes sociais para envaidecimento próprio e pingar pirralha aos amigos, descalçam-se as sapatilhas, entra-se no carro e volta-se ao ponto de origem, a cidade. Os que foram, foram ver, não olharam. Os campos já pouco se trabalham, deixaram-se ao abandono das giestas e dos matagais. As florestas já não são locais de saúde física e mental, viveiros de vida, poupanças de futuro para os filhos e os netos, são locais ca...