Num lugar sem notícia, comunidade pouquíssima, ainda assim na aparência de viver feliz. Arremedo de sociedade aberta aos outros, ao forasteiro, não lhe faz perguntas, aceita-o. Como pode um desconhecido, fugido de algum horror, um pesadelo do mal, fazer-se anunciar contando todos os pormenores, quando desconhecendo as palavras certas, não as sabendo pronunciar e ser audível, preocupado que vem pela sobrevivência de procurar um local onde renasça a sua prosperidade, uma vida a recomeçar? Esta mulher veio e mal se deu por ela. Uma mulher com um olhar doce – ao olhar com atenção e pormenor, é afinal um olhar de sofrimento, como se por educação ela contivesse a dimensão do seu sofrimento, não o querendo revelar ao mundo -, trabalha sem se dar conta dela, protegida pela luz ténue de uma pequena loja numa rua quase sem moradores e movimento de vida, reduzida à sua expressão mínima. Na montra, óculo de salvação para o calor dos dias com sol, uma bandeira da Ucrânia. Seria outra ...