Fios, presos por finos fios. Marionetas. Numa aldeia perto de si. Não fosse haver um manipulador de marionetas, eram inoperantes, disfuncionais, tíbios, a pedirem para nem se lembrarem das suas actuações, que só actuam por obrigação. O mestre, sim, um exímio manipulador de fantoches, ventríloquo e tudo. Mas não era isso que o povo pedia nos terreiros forrados a cinzas. O povo queria ver um espectáculo vivo, bom. Depois de uma vida a assistir a teatros de marionetas, o povo pedia actores de carne e osso. O povo sonhava – imprudência não desculpável - que um dia o teatro seria real. Não aconteceu, ainda não foram as festas deste ano. Não há verba suficiente para o povo ter um espectáculo verdadeiro, só para pagar a actuação dos artistas pimba, os que estão sempre disponíveis. Este junho nunca mais acaba e eles já nem vão às festas, estão na praia, com os olhos cheios de água*, os mestres das marionetas . Quem são os fantoches afinal? *obrigado Mónica!