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A mostrar mensagens de junho, 2024

O PRIMEIRO FOLEGO

  Leio um livro de Maria Zambrano, “ Clareiras do Bosque ”, uma mulher que irradia um pensamento denso, místico, que flui nos rios profundos e submersos da terra, num caudal de remoinhos e velocidade vertiginosa. Uma escrita também poética, e sou levado a acreditar – talvez por sugestão -, que tenho impressa em mim, a memória que recorda o instante do meu primeiro respirar, o momento que inicia a vida, que a torna a seguir irreversível. A explosão violenta e obrigatória, assustadora, acompanhando esse ímpeto, vindo do absolutamente escuro, para a agressividade de uma luz que encadeia, demasiada, insustentável. E aí, nesse ponto da ainda ainda não história, acontece um episódio fugaz, antes da primeira inspiração e da ânsia de não se conseguir expandir os pulmões. Uma projecção incontrolável de um acto, numa cena estática no tempo, que ainda não está a contar. Uma cena só nossa, num hiato de vazio. Nesse esgar, a possibilidade de futuro, está suspensa no vir a acontecer. E desse vácuo