Sonhei, já não vou ser um navegante curioso, de mares incógnitos; já não vou ao sabor de rumos perdidos, desnorteado pelas bússolas, doidas e desmagnetizadas por culpa das acções dos homens, que alteraram a harmonia da terra; não vou passar cabos tormentosos a pique, nem defrontar monstros aterradores; não chegarei a dizer, aproveitando os ventos que sibilam, que venho da terra dos Descobridores, que se apaziguem as águas e as tempestades, para eu poder passar. Sou marinheiro de natureza e feitio e tenho pressa de amarar em todos os portos e aprender a falar línguas desconhecidas e complexas, e dar-me com todos que venho por bem e todos quero conhecer. O tempo, esse inexorável carrasco dos sonhos, cilindrou o meu desejo, empurrou-me para outros futuros. Começo a chegar tarde a tudo e as portas fecham-se com estrondo perante a minha incredulidade. Quando era pequeno, quando ainda podia ser tudo, até o impossível, queria ser marinheiro e possuir um belo barco de madeira envernizada e