Podendo a vista ser desimpedida, fazem muros para a tapar, aprisionar os seus horizontes a uma parede, a delimitar um território, tenha a extensão que tiver. Constroem-se muitos muros, cada vez mais altos. De betão, de ferros, de pedras sobrepostas. Estando a vista aprisionada, macambuzia, definha, desiste. Quem faz os muros finge que não sabe, mas não os faz para se defender do que fica fora deles, fá-lo para se defender de si próprio. Se pudesse ver-se, quando se olha ao espelho, cairia em si, de vergonha e perceberia de uma vez por todas que os muros são desnecessários e infelizes. Todavia, nem todos os muros são inúteis. Homens com esperança, milhares deles, puseram-se a construir um muro feito de árvores. São acácias, árvores fortes, de crescimento rápido, que aguentam as inclemências do tempo e de poucas águas. Esse muro, quando estiver terminado, e falta pouco, terá mais de sete mil quilómetros de comprimento. Imagine-se, um muro assim, o maior de todos alguma ve