É como pescar. Lançam-se as sortes, aprende-se paciência, entende-se a essência do acto de esperar, pratica-se a atenção sem compromisso, atinge-se o conhecimento: da cana de pesca, do carreto, da linha, do anzol, do ambiente água, do peixe que acabará por não resistir à tentação da gula pela voluptuosidade do isco oferecido, deixando-se pescar. No entanto, o acontecimento que marca o sucesso apoteótico do pescador, não é só esse desenlace final. Representa a soma de tudo isso, dos dias corridos de insucesso, da espera, da atenção, até que muda a sorte, como o vento, e volta-se para casa anafado de vaidade e orgulho, considerando-se o melhor pescador do universo. É verdade, agora que se diz, é como o vento. Caçar a vela num barco, apanhar a brisa no ângulo certo, que infle a primeira e se inicie o movimento de propulsão, aproveitando o sopro desta, fazendo cavalgar o barco as ondas, ou melhor ainda, voar rasando a espuma das mesmas. Tanta tentativa, tanta atenção, chega