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Uma falta de asseio,
um conspurco, um achincalho.
Dito, é um chorrilho de impropérios que
salpicam como perdigotos a quem se chega à frente.
Escrito, é um palavreado duro cunhado a
frio numa folha de papel. Talvez faça mais estrago porque ganha um prazo de
validade maior.
Se se pretende um enxovalho em privado –
na intimidade dos dois – aconselhamos o envio de uma nota, pode ser de papel
amarrotado, com uma frase sintética mas levada da breca, inteligentemente
costurada, arrematada com as palavras certas, que podem ser uma arma de
destruição maciça.
Pode passar a nota pelo interstício da
porta de casa de banho enquanto o outro se chuveira, sob a almofada da cama,
dentro da tigela dos cereais, vazia, do pequeno almoço do dia seguinte.
Atenção, esta prática deve ser sempre
feita sem a necessidade de cair na deselegância.
Pode-se enxovalhar com luvas de pelica e
o ódio dá-se muito bem com frases curtas.
Há quem em desespero, se socorra da
técnica das agulhas espetadas num boneco nas partes que se pretende venham a
causar dano. É uma prática perigosa que mete bons conhecimentos dos meridianos
da dor. É para profissionais do Voudu.
Pessoalmente não recorremos a esses
subterfúgios externos, já que estamos confiantes no valor, qualidade e impacto
das missivas que escrevemos para bem servir os nossos clientes.
As palavras que usamos são como punhais.
Um enxovalho já se vê que pode ser
letal. Em segurança, deixe-o em mãos de especialistas, que saberão usar as
doses certas para o efeito final pretendido.
Enxovalhe bem. Mas sem puder, e em vez
dessa vergonha, ame.
** Salvatore Fullam, b. 1994 in Dublin, Ireland.
Bangladeshi / Irish.Currently based in Dublin, working from Steambox Studios.
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