Não temos a possibilidade da visão do amanhã. Ainda bem,
faríamos disparates.
Gosto dos livros, leio todos os que posso e escolho-os
pessoalmente. Desloco-me propositadamente a uma livraria real que expõe livros,
e alinho num confronto directo, apreciando as capas, tocando, sentindo, lendo
frases em páginas aleatórias. Nunca compro um livro que esteja no “top” de uma
livraria. Assusta-me o que me impõem.
Amo ler mas também gostaria de os poder ouvir.
Decidi então que vou começar a ler alguns em voz alta, talvez
goste de os ouvir ditos por mim. Depois poderei gravar (ainda não sei como, não
percebo nada disso, mas aprenderei com tutoriais). Se correr bem acrescento os
que mais gosto e outros que vou gostar muito mas ainda não sei mas espero, e não
vou esquecer de incluir os que vocês me vao aconselhar.
Poderei vir, se o futuro me levar para aí, a ouvi-los com
prazer, que foram ditos por mim, coisas
extraordinárias escritas por seres excepcionais.
Não sei o que esta experiência vai dar, se me canso, se me
animo, que armadilhas estão no caminho. Apetece-me e vou tentar. E gostaria de
partilhar com outros que também gostam de ouvir coisas belas, essas histórias
que são capítulos importantes do manual dos exercícios de ginástica dos sonhos.
Pessoas que vêem mal ou nada; as que têm a vista cansada; as
que estão a perder o dom da concentração ou nunca o tiveram em suficiência; aquelas
- tantas cada vez mais - que ficaram sem saber, como nem porquê, não sabendo quase nada, sem memória; que desaprenderam de
ler; as que tendo deixado amigos na viagem que fizeram desde que nasceram, apreciam
e pedem agora, uma boa companhia para mandar a solidão às urtigas. Todos os
géneros, tipos e condições de pessoas, mesmo as que sem nenhuma fragilidade que
se reconheça, gostam pura e simplesmente de ouvir um texto bem escrito,
embalando-se ou simplesmente distraindo-se.
Farei parcerias – assim se diz – com instituições, entidades,
concorrerei a fundos de apoio às artes que não vou ter nem sequer resposta,
conheço pouca gente e a que conheço não tem influências.
Se alguma destas anteriores quiser ligar-se ao projecto e eu a eles - tenho muitos pudores – vai ser um sucesso,
mas duvido-me a apertar a mão a sabujos, com emblemas duvidosos nas lapelas dos
casacos. Os que vierem por bem, abraço-os.
Neste momento em que vos escrevo, não faço a mais pequena
ideia de como isto tudo se poderá pôr de pé, mas apetece-me muito ler em voz
alta e captar o som das palavrsa escritas nos livros.
O primeiro livro será um clássico, e português, e os clássicos
também podem ser contemporâneos. A escolha está renhida.
Entretanto, lanço-vos um desafio, que dá pelo saxónico nome de
“crowdfunding”, para nós “financiamento colaborativo”. Não peço dinheiro, peço
respostas/opiniões/palpites.
Cada reação a este pedido, que espero seja viral - já que é o que
hoje em dia todos esperam: serem virais -, construirá uma lista pessoalmente secreta,
com a etiqueta de “Sócios futuros com potencial para pagarem quotas a tempo”
.
A vossa participação, se o projecto vingar, terá como recompensa
a presença na sessão de lançamento da app (aplicação para dispositivos móveis) LIVROS QUE SE OUVEM.
Mais não espero senão que esta sessão se realize num salão de
pompas e circunstâncias (adoro talhas e dourados), uma tocadora de harpa, e que
essa apoteose esteja empanturrada – se o
croquete for bom – com pessoas de muito calibre e raça, Vocês.
Agradeço o apoio inicial e no dia do lançamento, lá para o ano
que vem, após os discursos solenes que não vai haver nenhum nessas condições
de ser solene e chato, vocês pagarão com a maior das solidariedade, uma pequena
propina, ou dízimo conforme o vosso gosto pelas palavras, e habilitam-se
durante um ano (depois pagam mais) a utilizadores “Prémio” da app (aplicação) LIVROS QUE SE OUVEM
Um bem haja, respondam rápido, e espalhem a notícia, e se conhecerem alguém simpático, se os há, na DGArtes, soprem-lhe ao ouvido.
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