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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2018

LIVROS QUE SE OUVEM

Não temos a possibilidade da visão do amanhã. Ainda bem, faríamos disparates. Gosto dos livros, leio todos os que posso e escolho-os pessoalmente. Desloco-me propositadamente a uma livraria real que expõe livros, e alinho num confronto directo, apreciando as capas, tocando, sentindo, lendo frases em páginas aleatórias. Nunca compro um livro que esteja no “top” de uma livraria. Assusta-me o que me impõem. Amo ler mas também gostaria de os poder ouvir. Decidi então que vou começar a ler alguns em voz alta, talvez goste de os ouvir ditos por mim. Depois poderei gravar (ainda não sei como, não percebo nada disso, mas aprenderei com tutoriais). Se correr bem acrescento os que mais gosto e outros que vou gostar muito mas ainda não sei mas espero, e não vou esquecer de incluir os que vocês me vao aconselhar. Poderei vir, se o futuro me levar para aí, a ouvi-los com prazer, que foram ditos por mim,  coisas extraordinárias escritas por seres excepcionais. Não sei o qu

NÃO SE AMPARA QUEM NÃO NOS DEIXA CAMINHAR

Não se ampara Juncker. Deixa-se Juncker e a sua tibiez seguir o curso natural do acontecimento: estatelar-se, ou não, do pedestal onde se deixa fotografar com os “amigos”, todos eles tíbios, cambaleantes, sem saberem onde cair, apesar de estarem insuflados. Uns de poder, outros de protagonismo efémero, tiraram uma fotografia ao lado dos que realmente têm poder e os omitem como baratas, e acham por isso que também são importantes.. Não se fotografa dando a mão a Juncker, porque não é uma companhia recomendável, precisamente o seu contrário. É o símbolo de uma Europa desgovernada por tipos brejeiros, de fato preto, bem-falantes, que o que querem mesmo, é beber champanhes caros e vinhos muito bons e igualmente caros, e não ter de os pagar, pagamos nós e não os provamos sequer. Depois vão para casa fazer pela vida, a sua e a dos seus queridos. É isso que eles querem, nada mais do que isso. Amparar um indivíduo destes, é identificar-se com este tipo de amparo, ou pedir u

METÁFORAS DE AMOR

Deixa-se um grande amor, numa curva apertada da topografia da vida, Um grande amor ou a sua possibilidade. À porta de um bar, numa paragem de carro eléctrico, num esconso da cabeça, num equívoco pessoal, num desencontro de minutos, numa ilusão que se desilude. Ancorado num cais imaginário. Encontramos, perdemos, voltamos a encontrar, a perder. O mundo, impassivo, continua a rodar sem misericórdia, indiferente ao amor. Nunca encontramos quem queremos, perdemos quem não sabemos que queremos, nada sabemos. Tertuliano emigrou para um barco, fez-se marinheiro, para viver o amor do mar, e o seu outro amor ficou amarrado a um cais, uma estátua, é essa a verdade factual desta história. Duas mulheres, uma de carne e osso e sentimento, e outra só de abstração, competindo ambas para serem as escolhidas. Uma chama-se Maria, a outra chama-se Mar. Antes de se transformar em mulher estátua, no momento imediatamente a seguir a este relato, Maria a Varina, vestida de preto num

A RIA DA TERRA ESTREITA

A certas horas do dia, de alguns dias, quando o sol ainda mal desperta e não cobre toda a criação de um calor abafado e algarvio; quando passam lentamente pedalando bicicletas ferrugentas, velhos com camisolas de cores garridas e gastas, alguns de cigarro pingando no canto da boca; os pássaros treinam os primeiros voos com bateres de asa preguiçosos; a ria, na doce quietação de estar a terminar o seu sono reparador apresenta-se em momentos destes, particulares, como um espelho de água. O único movimento digno de nota que anuncia a vida, quase imperceptível, é um ondular mínimo, um pequeno fluxo das águas superficiais, como um mexer de lençóis que faz imaginar a existência de um corpo escondido neles, debatendo-se com a decisão de despertar ou continuar a dormir. Tudo tão purificado, parece um sonho, uma esperança renovada: a ria assim, a terra estreita à espera de visitantes, a aldeia com nome de santa, de janelas humildes e algumas presumidas, com os olhos ainda fechad