Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2018

DO AMOR INCONDICIONAL - 8 - DO MÁRTIR

«Se este não é o mais alquímico dos Amores, o que é o Amor?  Abdico-me para me dar a Ti. Que melhor justificação tenho para a dádiva mais absoluta que faço a deus de todo o meu ser: pôr ao seu dispor, já que é ele que me alenta, o seu hálito é a minha vida, o meu corpo e a minha alma. Dar-me na totalidade de mim, tomar essa decisão por todas as células e seres ocultos, mínimos, que me constituem, e em uníssono, dizermos que somos Teus. Ser mártir é a minha realização na terra. Passaporte para a eternidade, o bilhete de entrada, “Very Important Person”, no paraíso. Todas as virgens que me esperam e as que me são devidas por este acto de entrega, são um prémio merecido, a recompensa justa, e não é por elas que me realizo quando me fizer explodir, é para cumprir a lei do meu Deus: punir os infiéis, os sujos, manchados, uma nódoa que impregna e que temos que limpar da face da terra. É essa a sua palavra, a palavra ditada pelos homens que se dizem detentores da palavr

DO AMOR INCONDICIONAL - 7 - DO AMOR A UM ROSTO AINDA DESCONHECIDO

É uma grande decisão de consequências impensáveis. É muito difícil, a primeira carta. Escrevê-la. Uma folha de papel, imenso branco. Paralisa a vontade. O branco podia ser outra cor, é branco porque é simbólico, a representação do vazio, espaço por preencher. As primeiras palavras, o primeiro encadeado de frases, definem o desfecho, são a sua sentença. Nada se pode emendar depois de escrito, a menos que se seja desonesto, ou cobarde, se amarfanhe na mão a folha e se deite para o lixo, o que é desleal. Uma carta não se emenda, segue pelo correio com o que foi escrito pela primeira vez, e única. É como pintar uma aguarela, depois de seca, nada se pode corrigir. Por isso é uma grande decisão, é a responsabilidade de saber o que dizer, como começar, dar continuidade, balanço, rematar bem. Uma carta é como uma tatuagem que se desenha para sempre na pele, à sua maneira uma espécie de papel do corpo: pode-se disfarçar mas não se apaga. «Isso assusta-me, mas nã